IMA marca presença na Feira de Ciências da Unit

Por Luiza Cazumbá

Cartaz da Feira de Ciências 2011

Na manhã do sábado (28/05) foi realizado, na Universidade Tiradentes – Unit, a 6ª edição da Feira de Ciências como parte do calendário do curso de Ciências Biológicas. A feira, que tem como objetivo levar o conhecimento a estudantes das escolas particulares e públicas do ensino fundamental e médio, é um verdadeiro congresso do aprendizado, nas palavras do coordenador do curso de Ciências Biológicas José Roque. Fruto do esforço de um semestre inteiro de pesquisas, os alunos da UNIT puderam mostrar seus trabalhos em uma exposição no mini-shopping do campus Farolândia. Os estudantes de escolas públicas e privadas tiveram o privilégio de conhecer mais sobre várias temáticas: célula, tecidos, genética, microbiologia, fisiologia, parasitologia, invertebrados e vertebrados. Além disso, puderam fazer exames de fator Rh – para conhecerem o tipo sanguíneo -, glicemia e até levar para casa muda de plantas.

Stand do IMA na Feira de Ciências da Unit

Ao todo foram 12 stands, dentre estes estava o do Instituto de Mamíferos Aquáticos – IMA. Foram colocados na exposição os esqueletos de boto-cinza (Sotalia guianensis), golfinho clymene (Stenella clymene), o crânio de baleia bicuda-de-cuvier (Ziphius cavirostris), vértebra e mandíbula de cachalote (Physeter macrocephalus), barbatanas de baleia jubarte (Megaptera novaeangliae), dentes de golfinhos, fotografias e banners com informações do instituto. Estavam presente as voluntárias Camila Almeida e Glaucilene Carvalho, os monitores Gustavo Palmeira e Isadora Canavarro e as coordenadoras Amanda Reis e Maisa Lima. 

Maísa Lima explica a exposição

O IMA é uma organização sem fins lucrativos que tem sua sede em Salvador/Bahia e que desde 2000 está em Sergipe, localizado no Campus Farolância da Universidade Tiradentes – UNIT. O Instituto tem duas bases operacionais: o Centro de Resgate de Mamíferos Aquáticos (CRMA) e o Projeto Mamíferos Marinhos (PROMAMA). O centro trabalha com o resgate e reabilitação de mamíferos aquáticos encontrados nas praias. Quando esses animais são encontrados vivos, eles são recolhidos e levados para o centro, onde recebem tratamento até que possam retornar a natureza. No entanto, se não for possível, são levados para cativeiros. Quanto aos achados mortos ou aqueles que venham a falecer, é feita necropsia na tentativa de saber a causa da morte. O Projeto Mamíferos Marinhos é voltado para educação ambiental e pesquisas. Dentre suas atividades desenvolvidas estão o estudo do comportamento do boto-cinza no rio Sergipe a partir do ponto fixo na Academia Nativa; e o acompanhamento do peixe-boi Astro – que é o único dessa espécie residente no estado de Sergipe. No IMA ainda pode-se encontrar amostras de materiais secos e úmidos, como coração, pulmão e estômago retirados dos animais nas necropsias para estudos futuros.

Um dos alunos que visitou o stand do Ima

Além de divulgar suas atividades dentro do programa da 6ª Feira de Ciências da UNIT, o IMA teve a oportunidade de contribuir para a formação dos alunos além do espaço da sala de aula. Para os que se interessam por cursos das áreas biológicas, a Feira de Ciências funcionou como uma vitrine, onde educadores e alunos tanto do ensino médio e fundamental quanto do ensino superior puderam partilhar experiências e conhecimentos de forma diferenciada. “É interessante esse evento, pois mostra uma estrutura que muitos colégios não têm. Um evento como esse para os alunos que querem estudar Biologia,Medicina, entre outros cursos, é um incentivo e tanto”, afirma Christian Michel, aluno do 3º ano do Colégio Estadual Petrônio Portela, uma das 5 escolas que participaram do evento.

 

Stand Ima

O instituto de Mamíferos Aquáticos fica aberto à visitação todos os dias da semana em horário comercial, onde podem ser vistos todos os materiais que foram expostos na 6ª Feira de Ciências da Unit.

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De frente com Valldy:Silvia de Oliveira

“Canindé de São Francisco é o meu remédio!”

Por Valldy de Cruz                                                         

A manhã começa agitada na casa da secretária de Turismo e Desenvolvimento de Canindé de São Francisco. Mas não são telefonemas de Brasília nem um staff de assistentes que fazem barulho na casa de Silvia de Oliveira, responsável pela fomentação e desenvolvimento turístico de Canindé.
Workaholic assumida, ela passa uma média de nove horas na secretaria de Turismo e Desenvolvimento. “Penso em trabalho o tempo todo”, admite. Ela também carrega a fama de farejadora. Por trás dos mitos, porém, está uma mãe “como todas as outras”, uma mulher “vaidosa, mas não muito” e uma pessoa que há anos luta contra um “câncer de mama”.
A responsável pelas gravações de Cordel encantado, o sucesso das 18h da TV Globo, em pleno alto sertão sergipano, recebe a reportagem do Repórter.com em sua casa, próximo do Forródromo, onde a partir do dia 1º de junho servirá de cenário para o São João Encantado de Canindé de São Francisco.
Jornalista com pós graduação em gerenciamento de empresas de turismo pela Universidade Federal de Sergipe, Silvia iniciou sua carreira na área em 1992, como guia de turismo nacional e regional.
A seguir, o melhor da conversa que o Repórter.com teve com a jornalista poderosa e grande dama do turismo sergipano que assume, entre outras coisas, ser uma mulher realizada.

 Como surgiu o convite para assumir uma pasta na prefeitura de Canindé?
Desde 1995 trabalho o turismo na região de Xingó, local que sempre considerei o diferencial do turismo em Sergipe. Por uma questão de busca de qualidade de vida, há seis anos, quando recebi o convite do amigo irmão, Orlandinho Andrade, não pensei duas vezes, em vir morar definitivamente com a minha família para e trabalhar em Canindé de São Francisco. Após exercer a função de Diretora de Turismo, há cerca de dois anos tenho respondido pela Secretaria Municipal de Turismo e Desenvolvimento, onde tenho procurado seguir o planejamento, capacitação, promoção e consolidação da cidade de Canindé, como portão de entrada do Complexo Turístico Xingó.

E como foi trocar a agitação da cidade grande pela calmaria do interior?
Cresci passando minhas férias na antiga Canindé de São Francisco, onde já mantinha uma relação familiar e isso aliado a receptividade da comunidade, foi ponto essencial para aplicar a minha experiência adquirido aos quase 18 anos dedicados a favor do turismo sergipano e não senti nenhuma falta da agitação que eu mantinha em Aracaju. Meu ritmo e agitação continuam em favor do turismo em Canindé. Hoje passo maior parte do tempo em Canindé e só viajo até Aracaju quando tenho extrema necessidade. Confesso que hoje meu remédio chama-se Canindé de São Francisco e quando fico longe dessa cidade adoeço.

O Carnaval da Cidadania de Canindé é sucesso absoluto. A quem você atribui o sucesso da folia carnavalesca?
Minha equipe na SECTUR-Canindé trabalha em sintonia e sempre procuro compartilhar com eles a minha experiência profissional. Passei a focar os eventos em Canindé como produto de atração turística e isso fez com que o carnaval ganhasse espaço no cenário regional, com planejamento e promoção antecipada. Elaboramos uma programação ouvindo a população local e o carnaval foi uma prova. Uma ocupação hoteleira de 100% e ainda casas alugadas. Até hoje recebo o carinho da população relacionado ao sucesso do carnaval.

O São João de Canindé, que este ano recebe o nome de “São João encantado”, devido às gravações de “Cordel encantado” na cidade, é tradição entre sergipanos de bom gosto. O que teremos de inovador na próxima edição, que acontece de 1º a 30 de junho? Você poderia antecipar uma das atrações da festa?
Não podíamos perder a oportunidade e trabalhar o festejo junino em Canindé, com a temática da novela global Cordel Encantado. Por isso, o nosso São João Encantado. Como falei, tem dois anos que respondo pela Sectur-Canindé e avaliei o processo dos eventos. Por isso a novidade esse ano é que de 1o a 16 de junho, vamos valorizar as “Quermesses Juninas” nas escolas municipais, que corresponde a atender 22 comunidades, com apresentação de quadrilha junina; comidas típicas e o verdadeiro forró pé de serra. Já de 17 a 19 de junho, o Forródromo vai ser uma grande festança, com as melhores bandas de forró do Brasil. Entre elas vamos valorizar o forró das antigas, com Aldemário Coelho, Mastruz com Leite, Mayara e Banda 737, Espora de Aço, Fogo na Saia. Dia 11, estaremos organizando a Festa de Santo Antônio, em Capim Grosso e dia 25, o São Pedro de Curituba. A novidade esse ano é o Arraial da Cidadania, dia 23, feriadão, no Forródromo, onde iremos reunir todas as secretarias municipais, programadas sociais da Casa da Criança Cidadã, Melhor Idade e fazer aquela festança, inclusive com show da banda sergipana de forró da atualidade, Rojão Diferente. Como são 30 dias de forró, de 20 a 30 de junho, acontecerá o Projeto Minha Rua é 10, com forró, decoração e o envolvimento dos canindeenses.

Muitas pessoas não acreditaram que uma novela global poderia ser gravada em solo sergipano, principalmente no alto sertão. Como se deu o processo para que as gravações de “Cordel encantado” acontecessem em Canindé?
Nada acontece por acaso. O processo de gravação da Novela Cordel Encantado envolveu o Governo do Estado de Sergipe (Emsetur) e a Prefeitura de Canindé de São Francisco. Nos últimos anos o Governo do Estado focou a promoção de produtos diferenciados, entre eles o cânion do xingó que passou a chamar a atenção nas feiras de turismo. Isso fez com que equipe da produção executiva de novela da Globo comandada por Renato Azevedo viesse a Sergipe, após contato com equipe da Emsetur para visita técnica a região de Xingó. Em outubro, iniciamos esse processo de acompanhamento onde a guia turística Dayane Souza esteve todo o tempo ao meu lado neste processo. Fizemos questão de mostrar tudo na região de Xingó, envolvendo os Estados de Sergipe, Alagoas e Bahia. Após três meses de avaliação veio a aprovação. Finalmente as gravações aconteceram e novidades estão por vir, na novela Cordel Encantado que tem chamado a atenção do grande público. O bom foi ter a confirmação da Globo, que agora as imagens da região de Canindé de São Francisco fazem parte de cenários selecionados pela própria Central Globo de Produções.

O que isso representa para Canindé e o Estado?
Você mais do que ninguém sabe que a gravação da primeira novela em Sergipe, especificamente em cenários da cidade sertaneja de Canindé de São Francisco foi uma conquista de um processo iniciado desde 2007. Tivemos vários momentos que serviram para retirar Canindé das páginas policiais para as de turismo. Entre esses momentos a Passagem da Tocha do Panamericano em 2007; gravação do programa Mais você, de Ana Maria Braga (quadro Tem Visita); gravação do Câmera Record: gravação da Festa do Quiabo e Festival da Goiaba (programa Tudo a Ver), com Renata Alves (Record) e diversas reportagens impressas, entre elas em Revista de Bordo da TAM, Avianca, bem como Jornal O Globo, Estatão e tantas outras. 

Como é conduzir com muito profissionalismo uma grande equipe, como a da secretaria de Turismo e Desenvolvimento?
Antes de qualquer coisa é preciso planejamento e sintonia, para que um evento tenha sucesso. Isso acontece atualmente com a equipe da SECTUR-Canindé. Todos têm conhecimento das atividades e procuro fazer essa distribuição de ações. Quando todos estão se divertindo nos eventos, a equipe da SECTUR trabalha dobrado para que tudo possa ocorrer com perfeição. Procuro valorizar e reconhecer aqueles que vestem a camisa.

O mês passado, Canindé foi eleito como o segundo destino turístico mais procurado em Sergipe. O que significa isso para a Administração Cidadã da prefeitura de Canindé de São Francisco?
Estamos entre os 205 novos destinos turísticos prioritários para desenvolvimento no Brasil e isso significa que vamos contar com a consultoria da equipe do Instituto Marcas e Fundação Getúlio Vargas com a coordenação do Ministério do Turismo, para elaboração do nosso planejamento turístico e participação efetiva do poder público municipal, estadual e iniciativa privada através do Grupo Gestor. A parte do planejamento é complicada e acredito que com essa ação realmente seremos o segundo destino turístico mais importante de Sergipe, após a capital Aracaju.

Parece que o que lhe dá prazer é colocar Canindé e Sergipe em destaque nacional. O que a instiga a fazer isso?
Canindé de São Francisco hoje é meu remédio. Vivo esse lugar e sei que aqui é um diferencial turístico. Brigo e procuro colocar esse destino em destaque e isso eu faço principalmente pelo acolhimento que a população dessa cidade tem comigo. Sou uma pessoa feliz por viver em Canindé e respiro saúde quando o assunto é destacar esse lugar.

Quais são as principais ações da secretaria de Turismo para fomentar o turismo local?
Temos metas e planejamento. Na prioridade temos o projeto Orla que depende de fases na área ambiental e ainda tem o lado social. A Orla é uma prioridade para o desenvolvimento do turismo de Canindé. Hoje precisamos de mais investimentos no setor hoteleiro e infra-estrutura, tanto pública e privada, para crescer e gerar emprego através da indústria do turismo que não polui.

Workaholic assumida, em algum momento sua cabeça para de pensar em trabalho?
Esse é meu principal defeito. Não consigo realmente deixar de trabalhar. É uma loucura a minha agenda. Chegam a dizer que vivo ligada no motor de 220W. Sempre fui elétrica e não consigo ficar parada. Quando estou, procuro algo para fazer de imediato.

Você é uma mulher múltipla. Como faz para cumprir seus inúmeros compromissos diários?
Aprendi técnicas de trabalho que no final tudo termina dando certo. Lógico que tenho uma equipe que ajuda bastante.

Cânion do Rio São Francisco em Canidé-SE

Há muitos anos você vem travando uma verdadeira luta contra o câncer de mama. O que a doença mudou na sua vida?
Minha luta contra o câncer mostrou o início de um novo ciclo de vida. Se hoje continuo em ritmo de trabalho acelerado, onde esqueço até da doença – o que para uma parte é bom – em outros tenho que deixar tudo agendado, como hora do remédio com alarme para lembrar. Com a doença eu voltei há ter mais tempo para família e sempre converso com Deus. Meu médico sempre elogia a minha força e me tem como um exemplo. No entanto confesso que jamais iria superar tanto assim a doença se não contasse com uma família tão maravilhosa. Sou apaixonada pelo meu marido, Silva Júnior que mudou sua vida em função da minha. Acho que sou a mulher mais amada do mundo, por meu marido e isso me deixa feliz. Minha filha tem nome de guerreira, a minha Vitória é uma mistura e dizem que é uma Silvinha em miniatura. Ela realmente lembra bastante a minha pessoa. Tenho uma mãe que é um sonho, pois está sempre a minha disposição. E claro hoje tenho os queridos Rodrigo, Emanuelle, João Victor e Monique que trato como filhos e estão ao meu lado nessa jornada.

Recordo-me que em uma das crises do câncer, Silva Júnior, abandonou totalmente seus hábitos e iniciou uma dieta radical com você. Como é essa cumplicidade de vocês?
Júnior é o sonho de qualquer mulher. Ele tem uma preocupação enorme pela minha saúde e se eu estou bem. Quando eu passei a enfrentar a doença pela segunda vez ele mais uma vez radicalizou e mudamos alguns pontos na alimentação. Enfim, eu sou apaixonada e uma mulher amada.

Silvia de Oliveira é uma mulher plenamente realizada?
Realizada pela família que tenho e pelos amigos que estão ao meu lado.

Arte:Illton Bispo

Créditos fotográficos: Foto1: arquivo pessoal/foto2: feriasbrasil.com.br

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Os Campeões Estaduais estão na área!

Por Osmar Rios

Inversão na cadeia alimentar: Peixe devora Gavião e é Bicampeão Paulista.

Foto: Getty Images

 
A equipe da Vila Belmiro saiu na frente com Arouca, seu primeiro gol com a camisa do Santos, ainda no primeiro tempo. No segundo tempo, o Corinthians acabou no ditado do “quem não faz, leva” e então Neymar, com um chute fraco em diagonal, marcou com uma grande colaboração do goleiro Júlio César, que frangaço! A equipe do Parque São Jorge insistia, mas o gol não saía. E, já perto do fim, Morais deixou o dele, contudo já era tarde e terminou mesmo no 2 a 1. Santos bicampeão paulista e festa na Vila.
 

 Internacional vence nos pênaltis é campeão gaúcho e dá volta olímpica no Olímpico.

Foto: Jefferson Bernardes/Vipcomm/Divulgação

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apesar de ter inaugurado o placar, o Grêmio deixou escapar o título gaúcho de 2011. O Internacional tentou até que Leandro Damião, na raça, fez o primeiro da reação colorada. O Grêmio vinha jogando melhor, porém após o gol do adversário parece que os jogadores entraram em pane e o rendimento começou a cair.  O Inter aproveitou. Virou o jogo com Andrezinho e aumentou a vantagem de pênalti, com D’Alessandro. A torcida do tricolor ainda viu Borges, oportunista, diminuir para o Grêmio e como o placar ficou o mesmo do primeiro jogo, só que agora para o Inter, a disputa foi aos pênaltis.
 
De início os dois goleiros estavam muito bem, porém Renan foi mais constante que Vitor. Renan impediu os gols de William Magrão, Fábio Rochemback e Lúcio. Já Vitor pegou apenas os pênaltis de Leandro Damião e Kléber. Quem fechou a conta para o colorado foi Zé Roberto, para a festa do treinador Falcão. Quase três décadas depois o Inter conquista seu 40º título gaúcho.
 

Raposa faz as pazes com a torcida e afoga o Galo em Sete Lagoas.

Foto: Washington Alves/Vipcomm/Divulgação

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Apesar de ter perdido a primeira partida por 2 a 1 e encontrar pela frente um Atlético MG bem retrancado o Cruzeiro soube aproveitar bem as chances de gol e levou o 37º título mineiro. Ainda no primeiro tempo Magno Alves perdeu uma chance cara a cara com o goleiro cruzeirense e um minuto depois Wallyson chutou no cantinho e pela melhor campanha em todo o torneio, o critério de desempate já dava o título à Raposa. Entretanto, já nos minutos finais do segundo tempo, uma falta perigosa surgiu para a Celeste e o goleiro atleticano botou apenas Richarlysson na barreira. Gilberto não quis saber e soltou uma bomba no canto esquerdo carimbando o título mineiro de 2011 ao Cruzeiro. A equipe assim acabou fazendo as pazes com a torcida, pois dias atrás havia sido eliminada da Copa Santander Libertadores.

Nada de Hexa: Santa Cruz perde, mas levanta o caneco pernambucano.

Foto: Aldo Carneiro/Futura Press

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Em Pernambuco, o Sport mesmo perdendo o primeiro jogo em casa ainda sonhava em ser hexacampeão. Lutou bastante, porém o gol não saía. Os torcedores do Santa Cruz nem ligavam por o clube estar na Série D nacional e faziam uma bela festa no Arruda. Então o Santa foi administrando o jogo e nada de gols para o Leão da Ilha. O gol só foi sair já nos acréscimos do segundo tempo, quando Leandro derrubou Renato dentro da área e o árbitro marcou pênalti para o Sport. Assim que Marcelinho Paraíba converteu o pênalti, o árbitro finalizou a partida. Marcelinho ainda tentou arranjar confusão, foi para cima de alguns jogadores do Santa, mas logo o tumulto foi resolvido e os jogadores do Santa Cruz foram comemorar com a torcida, 62 mil pessoas aproximadamente, o título pernambucano de 2011.   
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De frente com Valldy: Elder Cerqueira Santos

 

 “Ser masculino ou feminino não depende somente do pênis ou da vagina”

 Especialista diz que de alguns anos para cá, temos visto muitas mudanças que envolvem os papeis sexuais na sociedade, tanto as práticas como a maneira como são encaradas no dia a dia

Por Valldy de Cruz

Diariamente temos contato, de alguma forma, com insinuações de conotação sexual. A impressão, é que tudo converge para uma sexualidade, sensualidade e eroticidade excessiva. O que demonstra que o tema sexo tem deixado de ser um tabu, relegado agora aos mais velhos, e tornado comum o debate sobre o tema nas rodas sociais.

E, como uma das resistências a essa onda sexista, podemos citar os padres, que se mantêm alheios ao sexo e fieis ao celibato. Sem deixar de mencionar o casamento, que vem perdendo sua força mediante casais que preferem namorar eternamente, mantendo apenas um vínculo sexual.

Não podemos esquecer também a explosão de DSTs e AIDS, que mesmo com uma campanha massificada de métodos de prevenção, se alastra como uma epidemia por todo o mundo, conforme matéria veiculada pela Folha de São Paulo, no dia 1º de dezembro – Dia Mundial de combate a AIDS, onde informou que o total de casos de AIDS acumulado no Brasil entre 1980 e junho de 2010 é de 592.914 pessoas.

O sexo, é uma necessidade vital do ser humano, como afirma alguns estudiosos. Mas as pessoas estão desenfreadas com a facilidade e a liberdade que se pode conseguir praticá-lo hoje em dia, deixando de lado valores importantes para a sociedade.

Elder Cerqueira Santos é psicólogo, e professor do Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Sergipe (UFS), mestrado em Psicologia do Desenvolvimento pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS/University of Nebraska-USA) e doutorado pela Universidade dos Estados Unidos, em 2009, recebeu na Filadélfia (EUA), um prêmio da Society for Research on Adolescence (SRA) [Sociedade de Pesquisas Sobre Adolescência] por seus estudos a cerca da violência sexual contra adolescentes. É também coordenador do SEXUS [Grupo de Estudos e Investigações Sobre Sexualidade]. Consultor da World Childhood Foundation (WCF) [Fundação Mundial da Infância], instituição que promove e defende os direitos da infância em todo o mundo, tem experiência na área de Psicologia positiva, com ênfase em desenvolvimento social e da personalidade, atuando principalmente no desenvolvimento da criança e do adolescente, sexualidade e religiosidade.

Com exemplar sinceridade, Elder Cerqueira recebeu a equipe do Repórter.com, para uma conversa franca e sem rodeios sobre sexo, liberdade sexual, homossexualidade e fez esclarecimentos a cerca dos novos papeis sexuais na sociedade.

A seguir, o psicólogo muda de lado, abre a guarda, vai para o divã e fica De frente com Valldy.

  Quais são os novos papeis sexuais da sociedade moderna?

[cruza os braços] Essa pergunta é bem ampla, porque a gente pode falar em termos de papeis de gêneros, tem a questão das novas configurações da mulher na sociedade, como o que trouxe algumas mudanças para o estilo de relacionamentos, casamentos. Mas pode-se pensar também na prática sexual das pessoas, na monogamia, na hetero normalidade, no sexo não heterossexual, no sexo entre adolescentes, na questão diante da AIDS e do HIV. Quer dizer, muita coisa mudou a partir das perspectivas que você pode pensar essas mudanças. Sem dúvida nenhuma, de alguns anos para cá temos visto muitas mudanças que envolvem os papeis sexuais na sociedade, tanto as práticas como a maneira como são encaradas no dia a dia, como se manifestam diariamente, como as pessoas se manifestam e categorizam essas pessoas que praticam essas novas praticas sexual.

De que forma eles se manifestam no dia a dia?

 Eu costumo dizer que mesmo quando a gente não fala sobre sexualidade, ela está presente o tempo inteiro. A gente se relaciona com os outros no cotidiano, a gente está presumindo a sexualidade do outro. A gente avalia a sexualidade do outro o tempo inteiro. É como se estivesse num stand by. Eu digo que a sexualidade gera um impacto muito grande nas relações humanas, mesmo quando o assunto não é sexualidade. A sexualidade influencia muito no que sou. Se sou casado, solteiro ou homossexual a sexualidade influencia muito, muda como as pessoas me enxergam. Então, a sexualidade é parte do que eu sou.

 O que é liberdade sexual segundo a Psicologia?

 Também difícil de definir. Você pode pensar em termos de prática, que a liberdade sexual é uma prática sem barreiras, censura.  Mas você também pode pensar em termos de atitude, de a pessoa encarar com mais tranquilidade a sexualidade do que há um tempo. A mulher pode encarar o seu papel sexual hoje de forma diferente. Por exemplo, anos atrás, uma mulher divorciada era mal vista pela sociedade.  Hoje isso mudou. Eu posso dizer que essa mulher tem mais liberdade sobre suas práticas sexuais. Ela não é mais vista como antigamente. Ela pode casar separar de novo. Mas eu posso dizer que liberdade sexual também e uma forma de agir, ou seja, não sair por ai fazendo sexo com quem quiser.

Nas últimas décadas tem se falado muito sobre liberdade sexual. Estamos realmente vivendo hoje uma revolução sexual?

[fica pensativo] Falam em revolução sexual desde a década de 50 e 60. Eu costumo dizer que isso que eles costumam chamar de revolução sexual ainda não aconteceu. No meu ponto de vista, a gente avançou, mas é demais, e exagerado dizer que vivemos uma revolução sexual.

No Brasil, a sexualidade é encarada de uma maneira muito contraditória. Nosso país é visto como um país do carnaval, da bunda, mas nós somos muito conservadores. Por exemplo, um casal não hetero demonstrando carinho publicamente ainda é visto com olhar torto. A sexualidade quando encarada na mídia, ela tem seus limites. Por exemplo, uma música sexualizada pode tocar no rádio ao meio dia, mas um sexólogo não pode ir ao jornal do meio dia, ao Jornal Hoje que a dona de casa vê, falar de sexo. É muito contraditório chamar isso de revolução. Ainda é cedo.

A Organização das Nações Unidas (ONU), recomenda que crianças a partir dos 5 anos recebam educação sexual. A criança tem uma idade certa para receber orientações dessa natureza?

 Não é uma idade certa. Mas a criança tem que ser orientada. Quando ela faz uma pergunta também tem um limite de compreensão e a gente tem que saber. Sexualidade não implica em falar só de sexo, de sexo com penetração. Falar de sexualidade é falar de corpo, de se preservar, e isso a criança entende e encara de uma maneira aberta.

Pesquisas indicam que jovens com idade entre 12 e 14 anos já estão com vida sexual ativa. Por que os jovens iniciam a vida sexual tão cedo? A superexposição desses indivíduos a conteúdos de cunho sexual na infância tem facilitado isso?

Eu acho que é um alarme afirmar que está tão cedo, porque se você prestar atenção, nas gerações passadas era muito comum engravidar e casar com 15, 16 anos. Eu acho que mudaram algumas expectativas sobre os jovens. A gente quer que o jovem estude, faça faculdade e se forme aos 18,30 anos. Então, quem inicia sua vida sexual com essa idade é visto como precoce, mas isso sempre aconteceu no passado. A primeira relação sexual a gente não tem estatisticamente um marco seguro para dizer que essa idade diminuiu. Tem uma coisa chamada direito sexual do adolescente. Agente não pode julgar o adolescente.  O adolescente tem direito a descobrir sua sexualidade. Todo mundo a parti dos 12, 14 anos começa a experimentar sexo.

                                                                                                       Até que ponto é necessário, se é que é preciso, a intervenção familiar na formação sexual do indivíduo?

É preciso sim. Os adolescentes precisam, a partir da infância, de informações sobre sexo. Se eles não encontrarem em casa, vão encontrar em outro lugar. E eles têm uma ótima fonte de informação, que são os parceiros, os pares. É melhor que tenham uma fonte segura em casa para perguntar a mãe sobre menstruação, camisinha, o que engravida ou não. Eles usam muito a Internet, mas há muita coisa errada na Internet. Cada um escreve o que quer.

Como a sexualidade vem a ser responsável pela construção da personalidade do indivíduo?

Sexualidade e personalidade estão sempre juntas. O que a gente é está extremamente ligado a sexualidade. O fato de ser homem, mulher, ou de ter uma orientação sexual faz diferença. Às vezes a gente exagera e cria estereótipos, o que é ruim. Ao longo da minha vida inteira, a minha experiência com o sexo, com a sexualidade, com os meus relacionamentos, constrói quem eu sou.

É muito fácil para um menino receber estímulos familiares para exercer relações hetero afetivas. No que se refere à homossexualidade, ocorre um boicote por parte da família. Como esse bloqueio pode vir a gerar problemas nessa criança?

Como já foi bastante abordado de uma forma geral, a gente vive uma sociedade hetero normativa, onde o normal é ser heterossexual. A gente tem que entender os dois lados. A gente tem que entender que os pais têm uma expectativa sobre os filhos e, mesmo quando eles vêem que suas expectativas não serão correspondidas, mesmo assim, por um certo tempo, insistem em acreditar no que foge a seus planos. A heterossexualidade ainda é maioria. O problema é achar que a maioria é o certo. E a maioria das famílias pensam assim. Com certeza, isso traz consequências para os adolescentes. Mas o adolescente sabe como vivenciar sua sexualidade, seja enfrentando a família, seja fugindo. Recentemente nos Estados Unidos surgiram diversos casos de suicídios de homossexuais masculinos e femininos, onde deixaram cartas informando que os culpados pelas mortes eram as famílias e que se mataram porque não aguentavam a pressão da família A gente sabe que dados dessa natureza no Brasil não são divulgados, são muito restritos. Nem as famílias são reveladas. A família não vai revelar que o filho se matou por causa da sexualidade. Então, a gente não tem muitos dados, mas imagina que muitos casos acontecem aqui no nosso país.

A nossa cultura, ao que parece, é muito voltada para a sexualidade. Mas no que se refere a expressão de sentimentos para o mesmo sexo, ela se mostra muito arcaica. O que é necessário ser feito para que a mentalidade das pessoas mude em relação a essa questão?

[gesticulando] É uma mudança de valores. É difícil mudar de uma hora para outra uma sociedade que é tradicionalmente machista e hetero normativa. Mas a gente percebe que é muito interessante quando você fala sobre isso. Por exemplo, é comprovado que mulheres aceitam mais gays do sexo masculino do que feminino; já homens heterossexuais aceitam mais lésbicas do que homossexuais masculinos. É bem curioso, mas parece que as pessoas aceitam menos aquilo que questionam elas, que incomoda. A demonstração de carinho entre dois homens é como se fizesse o hetero pensar que aquilo é uma possibilidade racional. É um conteúdo afetivo que ele trabalha de uma maneira irracional. Então, é comum isso acontecer. Isso são valores, cultura.

Recentemente, em São Paulo, um grupo de jovens agrediu um estudante de jornalismo, por acharem que ele era gay. A homofobia, de certa forma, é um desejo reprimido e exteriorizado em forma de violência pelas pessoas?

A homofobia apesar desse nome é uma construção baseada no preconceito, como qualquer outra. Então, esse rapaz que bateu no outro que supôs ser homossexual, ele é preconceituoso, o que poderia levá-lo a bater em um negro, numa mulher que tivesse lá e em quem tivesse na sua frente. É uma manifestação de preconceito. É muito mais das relações sociais, psicossociais do que uma doença, uma patologia, um fenômeno social. Preconceito foi isso o que aconteceu.

Como a psicologia encara a questão da sexualidade de gêneros?

A psicologia tem pensado muito sobre isso. Discutindo gênero e o que trouxe principalmente a discussão para a psicologia foi à questão dos transgeneros, da transexual idade, que fez a psicologia pensar. Veio para o Brasil por causa das questões de saúde publica, da cirurgia de mudança de sexo. A gente dialoga muito com a sociologia, com a medicina, mas não tem uma teoria única que explica a questão de gêneros. Ela tem sido bastante aceita na psicologia. Mas variações podem acontecer. A gente nasce com um corpo que leva a desenvolver o biológico. O gênero ultrapassa o biológico. Ser masculino ou feminino não depende somente do pênis ou da vagina. Claro que existe o fator hormonal, que a gente não pode deixar passar despercebido.

Muito se fala de liberdade sexual entre as mulheres. Sem dúvida, tivemos grandes avanços na manifestação do comportamento sexual entre o público feminino. Mas será que realmente, após tantos anos de movimentos femininos podemos dizer que mudamos o referencial e que as mulheres estão livres para exercer sua sexualidade? As mulheres tem se permitido mais?

 As mulheres tem se permitido mais. Ainda é pouco, mas elas têm conseguido causar um rebuliço. Mulheres divorciadas e mais velhas tem se sentido mais a vontade para se casar novamente. Mulheres também não casam mais tão jovens, querem ficar mais tempo solteiras, não querem engravidar, não querem parir mais. Crianças querem uma, duas, porque pensam na possibilidade do divórcio. Elas assumem mais sua sexualidade com um homem mais novo, falam mais abertamente sobre seus desejos sexuais. As mulheres têm ousado mais.

 O sexo é considerado por alguns estudiosos como uma necessidade básica do ser humano. Isso é uma verdade absoluta?

Sim, de certa forma é, mas há algumas exceções. Há pessoas que conseguem viver sem sexo. Existem pessoas que tem uma orientação assexuada, que não sentem desejo de fazer sexo. Mas isso é minoria. Sexo é um desejo que deve ser satisfeito.

 Com o advento da internet, tornou-se muito mais fácil o encontro de parceiros sexuais. Ela pode ser considerada a responsável pela liberdade sexual verificada na sociedade moderna?

A Internet ajudou muita gente. Se você conversar com jovens e homossexuais, eles vão dizer que a grande onda de informações que tiveram foi com a Internet. A menina também se esconde no anonimato da Internet para ler ou buscar informação. Você não precisa ir a uma banca de revista. Hoje você pode folhear revistas pornográficas em casa, através da Internet, sem que ninguém saiba que você tem acesso a conteúdos dessa natureza. Você pode ver a revista hetero ou gay. Não tem mais a vergonha do jornaleiro. Se a mulher ia comprar uma revista de nu ou gay era um escândalo. Hoje graças a Internet você pode fazer isso sem ninguém vê. Claro que tem uma conseqüência psicológica. A gente hoje, com a Internet consegue expressar coisas da nossa sexualidade que a gente não conseguia antes. Hoje na sala de bate papo a gente pode falar sobre nosso fetiche, desabafar e se masturbar só para descarregar. A Internet causou uma revolução.

Quem prefere namorar eternamente, mantendo apenas um vínculo sexual, na verdade, vê o matrimônio como uma forma de opressão e de impedimento da liberdade sexual?

A gente trabalhou o que a gente chama de mito da monogamia. A monogamia a gente sabe que é uma construção social e a gente tem que saber quais são as consequência. E socialmente, a gente optou pela monogamia, porque mais da metade dos casais trai.

 Mesmo com campanhas massificadas do uso de preservativos, o número de DSTs e AIDS não reduziram, pelo contrário, aumentou. Que tipo de fator justificaria essa resistência a utilização do preservativo?

Não chamaria de resistência. Mas há muito da confiança entre parceiros.  A gente tem uma mudança nas formas de contaminação do vírus. Na primeira fase criou-se o estereotipo de que o homossexual era o grande responsável, depois foi se espalhando entre as mulheres. E a gente sabe que grande número desses casos elas adquirem dos maridos. Ela confia no companheiro, ela namora há muito tempo, ela casa. Tem muita mulher casada descobrindo que é HIV positiva há 6 anos. Mudou o perfil. Se você pegar um grupo de jovens não casados, o uso do preservativo é bom.  O HIV está surpreendendo muita gente que pensava ser imune ao vírus. Tem gente que desenvolve o vírus da AIDS em um ano, mas também há casos em que ele só se desenvolve quando os sintomas da AIDS já estão evidentes. Estudos do Ministério da Saúde indicam que o que mudou foi o perfil, os casos estão acontecendo com populações diferentes. Não é só uma questão de resistência a camisinha. A gente tem muitos fatores. Teve um tempo em que todo mundo dizia: “o coquetel é de graça, ninguém morre de AIDS”. Hoje a gente sabe que não é bem assim. Não é simples viver com o HIV.

 O que é o sexo para o homem moderno? É um simples instrumento de obtenção de prazer?

O sexo sempre foi prazer, não é para o homem moderno. Se a gente pensar em outras sociedades, o sexo sempre foi muito bom para todo mundo. Você vê as relações homo erótica, poligâmicas, no início da história, as casas de prostituição como foram bem difundidas na história dos vilarejos. Assim como as drogas, o sexo sempre esteve presente na história da humanidade.

A filósofa Beatriz Preciado, em entrevista ao jornal espanhol, El Pais, afirmou que “aprender outra sexualidade é como aprender outra língua”. O senhor concorda com tal afirmação?

Em parte. Eu acho que ela quer dizer na forma de encarar o mundo, a própria vida, uma leitura. Porque a gente está sempre aprendendo com a sexualidade. Quer dizer, há algumas pessoas que param. A gente amadurece sexualmente, a gente tem experiências negativas ou positivas. Na cama aprendemos novas posições, novas práticas. Encontramos novos pares que se encaixam muito bem, outros não. Eu acho que a sexualidade é sempre um aprendizado.

A Internet tem sido uma arma poderosa para a liberdade sexual. Em contrapartida, esse meio de se socializar, tão benéfico, tem sido a grande vilã, quando se trata de crimes sexuais?

 É. Por exemplo, a pornografia infantil cresceu muito com a Internet. É muito fácil um aliciador convencer uma criança ou adolescente e ameaçar. A internet pode ser uma vila. Você pode comprar remédio, drogas, roubar dinheiro das pessoas. Não é só para o sexo. Para o sexo ela é também usada como uma ferramenta de crime.

 Arte Illton Bispo

Créditos fotográficos: imagem 3: ultradownloads.uol.com.br/imagem 4 :nickmartins.com.br
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União Homoafetiva e a Luta pelos direitos LGBTTT

Reconhecimento da União Homoafetiva suscita debates a respeito da Homossexualidade

Por Nayara Arêdes, Iargo Souza e Eduardo Ferreira

No último dia 5, a luta a favor dos direitos homossexuais deu mais um passo à frente. A população LGBTTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) comemorou a aprovação unânime do Supremo Tribunal Federal (STF) à adequação da Lei 9278 de 1996, a chamada Lei da União Estável. A partir da aprovação, a união homoafetiva passa a ser prevista pelo código civil, estendendo aos casais homossexuais os direitos garantidos às entidades familiares convencionais.

A intervenção do STF se deu após duas ações propostas pela Procuradoria Geral da República (PGR) e o governo do estado do Rio de Janeiro, que se mobilizaram em torno das reivindicações da sociedade civil. Acompanhando o voto do relator do processo, o sergipano ministro do STF Ayres Britto, os ministros votaram a favor do reconhecimento de 112 direitos aos homossexuais que mantém relações duradouras. A discussão levantada pelo STF surge na esteira dos dados divulgados pelo IBGE no Censo 2010, que contabiliza mais de 60 mil casais homossexuais declarados.

O reconhecimento da União Homoafetiva levou o debate à esfera pública, dividindo opiniões. Apesar da grande repercussão gerada pela mídia, a população ainda não se faz suficientemente esclarecida, confundindo o conceito de união estável com casamento. A diversidade de opiniões comprova que o tema é atual e polêmico, demonstrando que independentemente de para qual lado caminhe, toda consideração é válida e não deve ser ignorada.

Dividindo Opiniões

Consultando populares na Praça Camerino, localizada no centro da capital sergipana, no Bairro São José, nossa equipe colheu depoimentos de pessoas de diferentes sexos, faixas etárias, orientações religiosas e ocupações. Há quem nunca tinha ouvido falar sobre o assunto, quem se mostre favorável, energicamente contra ou ainda indiferente. “É o direito de duas pessoas, cada um escolhe quem quiser pra viver junto. E é uma forma de garantir os bens do casal caso algum dos parceiros morra”, disse o taxista Paulo Neri, mostrando-se inteirado do assunto.

A rendeira Adelcília Carvalho aprovou e defendeu a medida: “Sou a favor. Se minha filha nascer ‘sapatão’ e ela for feliz assim, que seja então!”, colocou-se, indo de encontro à opinião de suas amigas. “Posso até ter na minha família, mas não aprovo. Como é que fica o filho de um casal desses? A criança vai sofrer preconceito, pode até sofrer bulling!”, contrapôs Amélia Barbosa, inserindo no debate a questão da adoção. “Conviver eu até tolero, mas casamento eu sou contra”, disse, categórica, Alzira Alves, aumentando os ânimos do grupo e ilustrando o equívoco que vem ocorrendo entre a população. Dentre as amigas, dona Maria José ficou alheia à discussão, abstendo-se de opiniões.

“Cada um tem seu poder de escolha. Mas sou contra a adoção. Dois homens não podem criar uma criança… Como é que o garoto vai pensar quando crescer? Se tivesse na minha família eu ia chamar de ‘viadão’ a vida toda”, posicionou-se Gildeon Rodrigues, funcionário público, que afirmou não ter nada contra a união homoafetiva. Sendo um dos beneficiados em potencial da aprovação do STF, o travesti Bianca revelou-se a favor da medida, apesar de não querer usufruir do direito. “Eu não quero conviver, quero mesmo é curtir minha vida. Nunca pensei nisso, na verdade. Não quero ter filho nem me juntar com ninguém. Mas eu sou a favor, quem quiser que se junte”, contou, enquanto distribuía panfletos no calçadão da João Pessoa, no centro de Aracaju.

Logomarca da Igreja Presbiteriana (Google Images)

Em se tratando de religião, o assunto toma proporções ainda maiores. Nossa equipe consultou diferentes referências religiosas, levando em conta o fato de essa questão ser um dos principais entraves na temática dos direitos homoafetivos. O Pastor Auxiliar da Igreja Presbiteriana de Aracaju, Genovaldo Lima, preferiu não aprofundar sua abordagem, mas foi enfático: “É um direito garantido por lei, mas é contra os princípios da Palavra de Deus. Se me revelo contra, me revelo contra um direito. Eu não votaria a favor, mas se eles conseguiram a aprovação, conseguiram e está garantido. Eu não posso condenar.”

No cenário nacional, as declarações do Pastor Silas Malafaia, da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo, causou grande repercussão na rede social Twitter. Em seu perfil, o pastor convocou a população evangélica ao protesto contra a aprovação do Supremo. Durante a votação, Malafaia postou mensagens conclamando os fieis a enviarem aos ministros e-mails de repúdio, além de repreender os cantores gospeis Aline Barros, Ana Paula Valadão, André Valadão e Fernanda Brum por não terem se pronunciado. O caso ganhou notoriedade após o resultado da sessão do dia 5, quando os usuários do microblog levaram aos Trending Topics (TT’s) – espécie de lista dos assuntos mais falados – a hashtag “#chupamalafaia”.

Padre José Farias (Imagem: arquidiosedearacaju.org)

Do ponto de vista católico, o administrador da Paróquia Nossa Senhora do Rosário, Padre José Farias, declarou-se contra a união: “Eu discordo, por que essa é uma questão que fere o seio da família. É muito fácil falar em direitos e garantir os gostos da sociedade. Mas é preciso abrir os olhos, por que um homem nunca vai poder engravidar. Nem casar, pois a Igreja jamais aprovará isso. Família é o homem, a mulher e os filhos. Os homossexuais são filhos de Deus, e Deus os ama como ama a qualquer um. Mas o que Deus rejeita é o pecado. Eu não discrimino, mas a lei natural das coisas, a própria ciência, diz que isso não é normal. Por mais que as pessoas se digam a favor, ninguém quer ter na família. A lei é precipitada, não prevê o futuro da educação no país. Como uma criança vai crescer vendo dois homens se beijando na boca? A solução não é casar”.

A opinião do sacerdote faz eco ao que a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou em nota no último dia 11. “Tais uniões não podem ser equiparadas à família, que se fundamenta no consentimento matrimonial, na complementaridade e na reciprocidade entre um homem e uma mulher, abertos à procriação e educação dos filhos. Equiparar as uniões entre pessoas do mesmo sexo à família descaracteriza a sua identidade e ameaça a estabilidade da mesma”, relata um trecho do documento.

Logomarca da Igreja Messiânica Mundial - Johrei (Google Images)

Zulmira Oliveira, a Ministra Responsável do Johrei Center Aracaju da Igreja Messiânica Mundial, explicou que a doutrina oriental Johrei prega a não-discriminação e a busca da felicidade, mas faz ressalvas em relação à ordem natural: “Há leis naturais que regem o universo, e se na natureza todos são do jeito que são, isso deve ser respeitado para que se mantenha a harmonia. Mas nós não temos preconceitos, não criamos barreiras. É preciso pensar mais na felicidade, e menos nas ‘prisões’. A Igreja Messiânica acolhe a todos, ao Ser, e tenta ajudar todos a serem felizes” E arremata: “A gente é quem escolhe, e somos nós quem temos que arcar com os ônus e os bônus. Somente o tempo vai poder dizer se é positivo ou negativo”.

A diversidade das opiniões reflete o quanto é vasto o campo da discussão em torno da união de pessoas do mesmo sexo. O direito concedido no último dia 5 não surgiu de forma instantânea. Apesar de ter sido legitimado através do STF, o reconhecimento da união homoafetiva é fruto do protagonismo não só do movimento LGBTTT, mas do movimento social como um todo. E esta é uma pauta defendida pelo Centro de Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia de Sergipe, que atua diretamente na conscientização e no fomento do debate.

Centro de Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia de Sergipe e a luta LGBTTT

Centro de Referência em Direitos Humanos de Prevenção e Combate à Homofobia de Sergipe (Foto: Nayara Arêdes)

O Centro de Referência tem como diretriz de atuação a educação a respeito das questões homossexuais, realizando o atendimento especializado ao público LGBTTT e ajudando a construir a imagem daquele que sente atração pelo mesmo sexo como algo natural e inerente à sociedade. Na visão de Cláudia Amélia Silva Andrade, psicóloga e coordenadora do centro, a aprovação do Supremo significa “uma conquista, uma vitória dos movimentos sociais. É o reconhecimento judicial de algo que já existe e que as pessoas querem ignorar.” Para Cláudia, a discussão recentemente suscitada é um apoio no sentido de trazer visibilidade à questão. E salientou: “Quando passa a ser visível, passa a incomodar mais. E o incômodo vem por ter sido legalizado, ferindo o interesse de uma maioria”.

Os usuários buscam o centro a fim de resolver seus conflitos de personalidade, e o acompanhamento psicológico dos profissionais age no sentido de fazer com que o sujeito perca o receio de externar seus desejos. Desta forma, o combate à homofobia é empreendido não só na sociedade, mas no interior do próprio grupo homossexual através do processo de quebra da auto-discriminação. Aprendendo a conviver melhor com sua própria identidade, o indivíduo torna-se agente na busca pelos seus direitos. A não-aceitação de sua própria condição, na opinião de Cláudia, leva o homossexual a tornar-se “um péssimo pai, um péssimo profissional e a ser péssimo dentro de uma relação, por que ele não se aceita, não se reconhece e não gosta do toque”.

A psicóloga Cláudia Amélia Silva Andrade, coordenadora do Centro de Referência (Foto: Nayara Arêdes)

A psicóloga rebateu as críticas de que uma criança educada por homossexuais teria seu comportamento condicionado, um dos principais argumentos dos que se dizem contra a adoção por casais homossexuais: “Ser bom pai, bom profissional ou bom cidadão independe da orientação sexual. Isso não desqualifica, não deixa ninguém menor. Se fosse verdade que ter pais gays interfere no comportamento da criança, filhos de pais heteros não seriam gays. Isso é tratar a homossexualidade como homossexualismo, como doença. E não é doença! Há pesquisas que provam isso. Eu acredito que para uma criança ser bem criada, é necessário que, acima de tudo, haja amor”.

Além do direito à adoção, a garantia das Pensões do INSS em caso de falecimento; o Plano de Saúde conjunto e a declaração do parceiro como dependente no Imposto de Renda já eram válidos, mas agora ganham respaldo jurídico. Os direitos que só passaram a ser concedidos aos casais homossexuais depois do dia 5 foram a Comunhão Parcial de Bens e o pedido de Pensão Alimentícia em caso de separação. E esses são apenas os principais direitos conquistados com a apovação da união homoafetiva.

Ainda em se tratando da área jurídica, outro ponto que perpassa a luta LGBTTT é a aprovação do Projeto de Lei (PL) 122/2006, que prevê a criminalização da homofobia. O PL visa modificar a Lei 7716 de 5 de janeiro de 1989, regulamentando em até 5 anos a pena para quem praticar discriminação de orientação sexual ou identidade de gênero. Sobre esta questão, Cláudia considerou: “essa é mais uma lei que está sendo proposta, mas será que se ela for aprovada haverá de fato uma penalização? Não seria melhor militar pela união e pela adoção do que por uma lei que será apenas mais uma lei?”.

Edna Lima, Assistente Social do Centro de Referência (Foto: Nayara Arêdes)

Como forma de fazer-se atuante no combate à homofobia, o Ministério da Educação (MEC) elaborou o chamado “Kit Anti-Homofobia” para ser distribuído em pelo menos 6 mil colégios de ensino médio da rede pública. Antes mesmo de chegar às escolas, o kit gerou polêmica por trazer para dentro das escolas a questão da homossexualidade. O Deputado já havia sido anteriormente alvo de polêmicas por apresentar declaraçãoes homofóbicas e racistas no programa CQC, da TV Bandeirantes. A Assistente Social do Centro de Referência, Edna Lima, destacou o protagonismo LGBTTT na idealização do Kit: “houve a decisão de levar à sociedade um maior esclarecimento sobre o que é orientação sexual, como se portar diante dela, e, sobretudo, como perceber a violência pela qual o homossexual passa e como enfrentá-la”.

Apesar de todos os percalços, a caminhada da luta LGBTTT já conseguiu grandes avanços. Que o digam os primeiros casais homossexuais a oficializar suas uniões: Toni Reis e David Harrad, de Curitiba; e Léo Mendes e Odílio Torres, de Goiânia. E para completar a família, Toni Reis, presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABLGT), cuja união já era mantida há 21 anos, reiterou junto ao seu parceiro o pedido de adoção na Vara da Infância e Adolescência de Curitiba.

Mesmo com os ganhos que o reconhecimento legal da União Homoafetiva trouxe à comunidade LGBTTT, a mobilização ainda se faz necessária. O dia 17 de maio, Dia Internacional no Combate à Homofobia, reunirá diversas ações em todo o Brasil em prol da conscientização da sociedade. Neste sentido, Edna finaliza: “É como se fosse um dia das mães. Há a celebração, mas acontece todo dia. Fica a lembrança. Mais do que comemoração, é um dia de reivindicação e de dar visibilidade às nossas causas”.

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